terça-feira, 27 de setembro de 2011

Origens sombrias da cultura brasileira

Palácio de São Cristóvão
 
  1. A casa do traficante negreiro

Assim que a família real portuguesa chegou ao Brasil, viu-se livre da ameaça de Napoleão Bonaparte. Mas, de repente, pegou-se num problema tão grande quanto: onde estamos?
Apesar de os planos para vir ao Brasil e, quem sabe, transferir a sede do poder português, não serem propriamente de última hora, o planejamento foi precário. Assim, a estrutura brasileira de forma alguma estava preparada para receber os únicos reis e rainhas que já pisaram em solo americano.
Não havia um palácio esperando a realeza.

Elias Antônio Lopes, um traficante de escravos da época, aproveitou-se da situação e doou seu palácio particular ao rei, juntamente com as terras da chácara de São Cristóvão, a ele vinculadas. Era 1808.

O palácio foi, posteriormente, batizado de Quinta da Boa Vista e se transformou em residência oficial do monarca durante todo o período em que permaneceu em solo brasileiro.

Como recompensa, Elias Antônio Lopes foi agraciado com a comenda da Ordem Militar de Cristo e nomeado tabelião e escrivão da Vila de Parati.

Não bastasse isso, em 1810, Elias foi condecorado como cavaleiro da Casa Real e agraciado como alcaide-mor e senhor perpétuo da Vila de São José del-Rei. Também foi nomeado corretor e provedor da Casa de Seguros da Corte.

Todos esses títulos de nobreza foram decorrentes, direta ou indiretamente, do presente dado a Dom João VI. Ou seja, foi um investimento acertadíssimo por parte do traficante.

Por fim, foi designado responsável pela arrecadação de impostos em diversas localidades da corte. O que, por si só, já evidencia quanto dinheiro ele conseguiu ganhar depois de feita a doação do palácio.

Esse é mais um episódio que nos leva a questionar sobre nossas origens. A primeira morada do rei, em solo brasileiro, foi doado por um traficante, contrariando uma infinidade de princípios administrativos de que temos conhecimento (impessoalidade, moralidade, dentre outros). O governo brasileiro (ainda que vinculado a Portugal) já começou de rabos presos com um traficante. De escravos, não de drogas. O que é pior.

A política “rabo preso” da realeza luso-brasileira ficou tão evidente que, durante todo o resto de sua vida, o traficante Elias (que não é o Maluco) ganhou presentes, títulos e riquezas sem muito esforço.

A questão dos títulos de nobreza, a gente vê no próximo post.

Fonte:

Site - http://pt.wikipedia.org
Livro – GOMES, Laurentino. 1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007.

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