É engraçado como, assim como pessoas, também cidades que param no tempo parecem carregar o peso dos anos. As agonias de questões mal resolvidas, dramas, melancolia e tudo mais... As "poleis" respiram como nós.
Voltei a Anicuns há uns meses atrás, onde morei quando tinha uns 11 ou 12 anos de idade. Saí de lá triste, melancólico, porque a cidade parecia abandonada! Não abandonada de gente, mas abandonada das pessoas que moravam lá quando eu também morava. Os prédios e casas eram os mesmos de 18 anos atrás, mas sem escolas funcionando, academias, vizinhos, vendedores, professores. Eram fantasmas de concreto. Pouca coisa mudou em todo esse tempo - talvez pela proximidade de Goiânia (cerca de 1 hora de carro). Não sei.
E essa semana, voltei a Posse, onde morei quando tinha 10 anos. Apesar
de todos os dramas pessoais de conhecidos meus que viviam aqui, a cidade
não parou. Dá pra reconhecer muita coisa de 19 anos atrás, mas as
vendinhas viraram supermercados! As escolas se desenvolveram! Ruas
novas, praças novas, prédios novos! Lotes antes baldios agora ostentam
pizzarias, escritórios. Existe gente crescendo e fazendo as coisas
diferentes por aqui. A cidade parece jovem, atlética, bem disposta! É
uma cidade com personalidade própria, que não precisa da minha infância
para existir - talvez, ao contrário de Anicuns. Eu moraria aqui hoje,
tranquilamente (exceto pela distância de quase 600 km de Goiânia). Pelo
meu sentimento quando fui a Anicuns, imaginei que, quando voltasse a
Posse, me sentiria bem pra baixo. Pelo contrário! Bate uma saudade boa
da infância - bicicleta, goiaba, acampamentos, futebol, a sequencia
mágica da TV Cultura (Os Anjinhos, Castelo Rá-Tim-Bum, O Mundo de
Beakman e Doug/Tim Tim). Mas não vi fantasmas.
Ainda bem porque, pelo "timing", não seria uma boa hora para se apegar ao passado.
Ainda bem porque, pelo "timing", não seria uma boa hora para se apegar ao passado.