Bukowski é o lado mal-humorado do rock'n'roll. Lendo um de seus livros, outro dia, me caiu a ficha: É ele quem está por trás de Californication. Aquela série do Tom Kapinos, da Showtime, com o David Duchovny protagonizando.
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Charles Henry Bukowski |
Charles Henry Bukowski foi um escritor nascido alemão, radicado nos Estados Unidos, mais precisamente em Los Angeles. Apesar de quase nunca tê-lo dito expressamente, era um fã ardoroso de L.A., tanto é que a cidade figura como personagem secundária em grande parte de sua obra literária.
O sucesso tardio alcançado por Bukowski (após os 40 anos de idade), advindo da publicação de suas ideias violentas e obscenas, rendeu-lhe o apelido de “velho safado”. E é o que imaginamos quando se fala no velho Buk: um cara ranzinza cheio de histórias absurdas sobre sua vida de bebedeiras.
Nesse ponto, podemos até compará-lo a Hunter S. Thompson, escritor americano ícone do chamado jornalismo “gonzo” e famoso pelo livro “Medo e delírio em Las Vegas”. Nesse estilo, frequentemente o próprio autor se junta aos personagens, numa mistura indistinguível entre realidade e delírio. É o que Bukowski faz, por exemplo, na série “Crônicas de um Amor Louco”.
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Hunter S. Thompson |
E o que Hank Moody tem a ver com isso? Além do próprio nome – Hank é um apelido frequente para Henry e “Moody”, numa tradução literal, significa “mal-humorado” -, basta assistirmos a alguns episódios de Californication para identificarmos o amor a Los Angeles, as obscenidades e confusões associadas a Bukowski e o tipo de “humor mal-humorado” que permeia as falas do Hank da vida real. A vinheta de abertura do programa, inclusive, é uma ode às tentações oferecidas por uma Los Angeles de excessos.
Há quem diga, inclusive, que o romance “Women”, publicado por Bukowski, traduza uma literalidade ainda maior entre seu protagonista, Henry Charles “Hank” Chinaski e o próprio Hank Moody.
E, a meu ver, é esse lado “gonzo” de Californication que hipnotiza as pessoas. Conviver com um personagem com um pé na realidade e que flerta com delírios obscenos e absurdos nos leva, ao mesmo tempo, a questionar os modos de vida instituídos como "padrão" pela sociedade atual, bem como a passear por esse mundo absurdo, para descansar um pouco de nossas vidas certinhas, sem ameaçá-la e sem ter que abdicar de nossa moral construída (e, muitas vezes, instituída).
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Hank Moody |
Eu não invejo Charlie Harper, um personagem (?) milionário, esbanjador, vazio, fruto do estilo hiper consumista norte-americano. Invejo Hank Moody, o escritor meio pobretão que se enrola em seus dramas pessoais e cria confusão para todo mundo mas que, inevitavelmente, carrega o lado rock'n'roll da vida no bolso, para quando as coisas estiverem chatas demais. E, frequentemente, elas estão.
Bom não sei se você vai chegar a ler este comentário, pois bem, a começar parabéns essa foi a melhor analise de Californication, que eu vi, ao menos sobre esse respeito, genial também o titulo Californikowski não sei como nunca pensei nisso antes. A Minha opinião tanto como leitor de Bukowski quanto fã assíduo de californication é que os Hanks são bastante parecidos sim em certos pontos enquanto totalmente diferente em outros, a começar que o Hank de Californication é menos amargo que o Hank da literatura, ele é tão triste ou amargurado quanto só que Hank em californication tem a Karen, que o mantém com os pés no chão, ele é só um cara tenta fazer as coisas certas enquanto cai em tentações pelo caminho, um cara que disse não, que não se rendeu a ideia de acordar todas as manhas e por um terno para trabalhar, um cara que realmente leva o lado do Rock consigo e que no final tem um grande coração, as pessoas admiram o Hank Moody (ao menos as que gostam de Californication) porque elas sentem que querem as vezes só dizer foda-se e se render a as tentações viver a vida como Rock'N'Roll quando sabem que não podem ou não tem coragem pra isso.
ResponderExcluirMuito obrigado, primeiramente! Concordo com você. Em vários aspectos, os "Hanks" são bem diferentes. O lance de o Moody ter uma filha e um amor na vida acabou puxando ele pra um destino menos sombrio que o do Chinaski. E o Moody não aposta em cavalos hehe. De qualquer forma, acho que esse foi um artifício para tornar a série mais "digerível". Imagine as aventuras do Chinaski cru, sem filtro, entrando na casa dos americanos médios hahahaaha. Quanto a mim, continuo fã dos dois! Abraço!
Excluirfazem alguns anos
Excluirnao se se leras
mas adorei acho o verdadeiro mais melancolico
o hank é mais alegre e mais bem humorado por incrivel que pareça
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